Inicialmente as investigações que tratavam sobre os ataques aos ônibus tinham três linhas: envolvimento do crime organizado, desafios na internet e motivação de sindicatos por causa de disputas. E pelas apurações da polícia até então, entre os depoimentos das pessoas já detidas envolvidas nos apedrejamentos, a Polícia Civil avançou sobre a última hipótese: ataques ligados a sindicatos. A polícia já tem algumas evidências que demonstram a atuação de sindicatos mobilizando pessoas para promover os ataques. O motivo seria disputas internas e empresas que não apoiaram ações de cabeças de chapa dessas entidades, além de rixas entre grupos sindicais rivais. As investigações, conforme fontes ouvidas pela Coluna, estão em busca de provas para confirmar essas conexões. Entre os anos 90 e 2000, disputas dentro de um sindicato gerou uma série de ataques e mortes quando 16 pessoas perderam a vida.
No último domingo (6), Everton de Paiva Balbino teve a prisão temporária de 30 dias decretada e foi indiciado por tentativa de homicídio e danos ao patrimônio. Ele foi o responsável por ferir uma passageira com uma pedrada dentro de um ônibus da linha 675I-10, na Avenida Washington Luiz, Zona Sul de São Paulo. Ele tem 26 anos e é filho de um motorista que atua na mesma linha em que ocorreu o ataque. A polícia descarta a ligação do pai no episódio. Segundo a Polícia Militar, o suspeito sofre de distúrbios mentais e já havia sido internado anteriormente por crises de agressividade.
A própria mãe confirmou que ele interrompeu o tratamento medicamentoso. Rodoviários relataram que o jovem costumava frequentar o terminal e já demonstrava comportamentos agressivos. Segundo dados da Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes (SMT) e da SPTrans, 59 veículos foram alvos de vandalismo somente na segunda-feira (7). Desde 12 de junho, 328 coletivos foram depredados na capital. Já a Artesp contabiliza 241 casos em cidades da região metropolitana e litoral, totalizando 569 ônibus atacados. Em todos os casos, o padrão se repete: pedras são arremessadas contra os veículos, colocando em risco passageiros, cobradores e motoristas. A Coluna não conseguiu contato com a defesa de Everton de Paiva Balbino, o espaço segue aberto para manifestação.
Por meio de nota, a Secretaria de Segurança Pública confirmou a prisão dele e também a apreensão de um adolescente na última sexta-feira (4). Ele foi liberado aos responsáveis e teve o celular apreendido para auxiliar nas investigações. Já no sábado (5), dois homens foram presos em flagrante após danificarem coletivos em Pirituba e Santo Amaro, nas zonas Oeste e Sul, de São Paulo. A nota diz ainda que as forças de segurança seguem mobilizadas para coibir e investigar os ataques a ônibus na capital paulista e na região metropolitana. Paralelamente, a Polícia Civil atua por meio do Deic na identificação dos envolvidos nos crimes. O órgão também realiza o monitoramento de plataformas digitais, já que há suspeitas de que os ataques estejam sendo articulados pela internet. As apurações contam com o apoio da Divisão de Crimes Cibernéticos (DCCIBER).
FONTE/JPNEWS